sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O velho, a moça e a sensível estranha.


Há de existir situação pior do que uma moça cuidando de um velho um tanto teimoso, morimbundo sobre um leito de hospital?
Há! A situação de que essa moça é a filha desse pobre velho, que simplesmente, ao passo que ela pergunta se ele a conhece, recebe um 'não' como resposta.
Há pior? Infelizmente digo-lhe que sim.
Um pai, em suas excessivas experiências primaveris, que ouve uma filha perguntar se ele a conhece e simplesmente não sabe nem o nome daquela estranha.
Pra completar a cena mais intensa e dolorosa dessa tarde de calor infernal da velha cidade interiorana em ascensão...
O som do telefone corta o diálogo. Do outro lado da linha, uma voz familiar também desconhecida ao atual momento.
Trocada enfim por lágrimas.
Lágrimas quentes, solitárias e vazias de tantas lembranças escondidas em algum lugar não alcançado daquela velha mente humana.

A esperança desesperada toma as palavras da moça em perguntas:

- Você tem filhos?
- Teeem...
- Quantos?
- Um monte!

Ele encerra a insistencia das perguntas da moça com um súbito abraço.
Seus velhos braços magrinhos a cerca dos ombros dela, volteando teu jovem pescoço, outras tantas vezes tão conhecido
calam palavras e abre a porta dos soluços.
Ele ainda a sentia. A filha nova, reconhecia também o velho pai.

1 comentários:

Lara Cervasio disse...

Não tem como não se emocionar.

Recentimente li um livro em que tinha uma pessoa com mal de, de, de... (aquele nome feio, rs).

Lindo o livro, mas ao mesmo tempo triste, principalmente por saber que essa doença existe e que invade a mente das pessoas, apagando tudo que tem pela frente.

E faz você ser um estranho e seus familiares, estranhos assustadores. Tenho muito medo desse ser meu fim.

Beijos