A menina não acreditava como era possível sua tristeza se diluir com o poder de um olhar, de um sorriso desconhecido pela razão, mas acolhido pelo coração, como velhos amigos.
Bendita hora em que ela resolveu que ficar em seu mundo fechado num momento difícil não era a solução, e decidiu aceitar o convite do príncipe.
Ele a convidou, mas ela estava tão triste com as peças que a vida prega, que teve a capacidade louca de pensar duas vezes...mesmo assim resolveu apostar numa tentativa com sonhos de minutos de alegria e distração. Bem apostado!
Realmente a vida pregou peças naquela ingênua menina! Mostrou que não só prega peças tristes, consegue surpreender o coração com um brilho estranhamente colorido nos momentos mais improváveis.
Naquele lugar, ela sabia que era apenas mais uma, que ele nem a via, mas o simples caminhar dele de um lado a outro no pseudo País das Maravilhas, já maravilhou o coração da menina com aquelas incansáveis borboletinhas sumidas há um tempo, embaladas por feixes de luzes coloridas no ar...
Cada gesto singelo, sorriso, olhar ao acaso daquele príncipe...cada detalhe arrancava um sorriso do seu bauzinho de sentimentos que apelidaram de coração. E ela não sabia como reagir, mas deixava seguir, levada pelo vento das asas das borboletas.Até o fim!
Seu olhar era puro, tanto quanto nunca havia sido antes. Era indizível cada sensação em seu misto delas.
"E foi então que aconteceu
Você me viu olhar
E veio em minha direção
Sorrindo disse: Olá"
Ela não podia negar, o medo se fazia presente, mesmo que discreto. Era mais fácil se entregar ao conforto do que já era estabelecido. A razão solicitou uma 'fuga', seu coração pediu pra ficar. Se recusou a sair e se agarrou com toda força às flores.
"...Mas eu não quis ir embora, não podia ir embora.
Como se nascesse ali um amor absoluto pelo homem que eu vi.
Poderia lhe entregar meu coração.
Alma, vida e até minha atenção."
Até que ele disse à ela: 'segura minha mão? E deixa que meu coração guia o resto!'
Desobedecendo a razão, perseguida por um discreto medo e sensação de já ter lido o livro, seduzida por uma lua crescente, pisando em delicadas pétalas...
E ela arriscou!